domingo, 12 de fevereiro de 2012

Quebrado...



Sou quebrado, das mais diversas e impensáveis formas...

Choro ao anoitecer, na dúvida de que existirá um amanhã melhor que o hoje, e na esperança de ser capaz de fazer a diferença
Choro de solidão, por ser incapaz de criar pontos que sejam capazes de ir até o coração de alguém.
Sou um romântico à moda antiga, incurável, daqueles que já nasce velho, já nasce apaixonado pelo viver, pelo perfume das rosas vermelhas acompanhadas de caixas de chocolate, mesmo que hoje em dia as rosas estejam murchas.
Sou daqueles que olha ocasionalmente o telefone esperando ver uma mensagem dizendo que alguém sente minha falta, ou imaginando que ele vai tocar e alguém vai dizer "pensei em você", e isso nunca acontece.
Sou daqueles que sonha com situações impossíveis, escrevo no caderno, imagino como seriam as fotos, as conversas, imagino cada detalhe, apenas pra apagar depois, porque sei que nunca vão acontecer.
Acordo muito cedo às vezes, mas fico com preguiça de levantar da cama porque sei o que me espera.
E o médico pode até dizer que é depressão, mas o que ele sabe MESMO sobre depressão? O que ele sabe sobre mim?
E quando eu tento conversar com alguém, alguém a quem considero um colega, percebo que ele está muito imerso em seu próprio mundo pra que eu possa contar do meu. Posso culpá-lo? Claro que não, eu que seja capaz de lidar com todas as nuances da minha vida.
Às vezes eu me reviro na cama, tentando olhar as estrelas, e esqueço que do lado de fora da minha janela tem uma árvore cujas folhas impedem a visualização do céu.
E o meu gato que fica ronronando quando eu passo a mão no pescoço dele, é o primeiro a fugir quando abro a porta da cozinha
Talvez, nesse mundo mutável, eu tenha permanecido o mesmo por tempo demais, e esqueci como mudar.
Talvez eu não precise mudar, porque já me aceitei como sou
Talvez, só talvez eu definitivamente esteja quebrado, como os brinquedos esquecidos no fundo das grandes lojas, eternamente esperando pra que alguém me leve até o caixa.
Mas quem pagaria por um brinquedo quebrado, quando pode ter um inteiro?

Talvez estejamos todos quebrados, esperando alguém que nos conserte; perdidos numa sociedade que diz que devemos ser jogados fora e substituídos por um novo.

Talvez... só talvez.... um universo de "talvez" que sufoca e arranca cada palavra não-dita, cada palavra que se tenta escrever


E aí, o plástico da embalagem não deixa mais passar ar, a luz nem se acende mais.

E quando muda o mês, somos levados pro fundo de um depósito e esquecidos.